O objetivo da teoria do portfólio e a determinação das proporções dos títulos da carteira que minimizam o risco (volatilidade), para uma determinada rentabilidade esperada. A construção deste depende de dois inputs: a rentabilidade esperada dos ativos e sua variância-covariância (matriz de covariância).

Quando um portfólio preenche este requisito, apresenta a volatilidade mínima possível para uma determinada rentabilidade esperada (sendo esta igual ou superior à rentabilidade esperada do portfólio de variância mínima), dizemos que este pertence à fronteira de eficiência.

Desafios da Análise

O modelo BEKK (Engle and Kroner, 1995), incorpora na analise os desfasamentos da rentabilidade e da sua volatilidade, tanto individuais como cruzados.

Este modelo possui algumas restrições com o objetivo de garantir que a matriz gerada é semi-definida positiva (propriedade essencial da matriz de covariância).

A propriedade semi-definida positiva da matriz de covariância

A matriz de covariância é uma ferramenta fundamental na análise de risco e diversificação de portfólios no mercado financeiro. Vamos explorar porque essa matriz é semi-definida positiva e sua importância.

  1. Matriz de Covariância:
    • A matriz de covariância é uma matriz simétrica que descreve as relações entre as variáveis aleatórias em um conjunto de dados.
    • Ela mede como as variáveis se movem juntas, ou seja, se elas têm uma relação linear positiva ou negativa.
    • A diagonal principal da matriz contém as variâncias de cada variável, enquanto as entradas fora da diagonal representam as covariâncias entre pares de variáveis.
  2. Propriedades Essenciais:
    • A matriz de covariância deve ser semi-definida positiva. O que isso significa?
    • Uma matriz é semi-definida positiva se todos os seus autovalores forem não negativos (ou seja, maiores ou iguais a zero).
    • Em termos mais simples, isso implica que a matriz não pode ter uma combinação linear de vetores que resulte em uma soma negativa.
    • Essa propriedade é crucial para garantir que a matriz represente uma estrutura de dependência coerente entre as variáveis.
  3. Por que a Semi-Definição Positiva é Importante?
    • Diversificação de Portfólio:
      • Ao construir um portfólio de ativos financeiros, queremos diversificar os investimentos para reduzir o risco.
      • A matriz de covariância nos ajuda a entender como os ativos se relacionam entre si.
      • Se a matriz for semi-definida positiva, podemos usar métodos de otimização para encontrar a combinação ideal de ativos que minimiza o risco total do portfólio.
    • Estimadores de Volatilidade:
      • Os estimadores de volatilidade, como a volatilidade histórica, dependem da matriz de covariância.
      • Se a matriz não for semi-definida positiva, os estimadores podem não ser confiáveis.
      • A propriedade da semi-definição positiva garante que os cálculos sejam estáveis e consistentes.
  4. Aplicações Além do Mercado Financeiro:
    • A matriz de covariância também é usada em outras áreas, como processamento de sinais, aprendizado de máquina e análise de dados.
    • Sua propriedade de semi-definição positiva é fundamental em todas essas aplicações.

A matriz de covariância é uma ferramenta poderosa para entender as relações entre variáveis e gerenciar riscos. Sua propriedade de semi-definição positiva garante que nossos cálculos sejam sólidos e confiáveis.

O problema do desfasamento de rentabilidade com
volatilidade dos ativos num portfolio

A matriz de covariância semi-definida positiva não elimina esse problema. O problema do trade-off entre rentabilidade e volatilidade nos ativos de um portfólio. Vamos explorar isso com mais detalhes:

  1. Rentabilidade e Volatilidade:
    • rentabilidade de um ativo é o retorno que ele gera ao longo do tempo, como dividendos, juros ou ganhos de capital.
    • volatilidade mede a flutuação dos preços do ativo. Ativos mais voláteis têm maiores variações nos retornos.
  2. Diversificação e Correlação:
    • A diversificação é uma estratégia para reduzir o risco em um portfólio.
    • A matriz de covariância nos ajuda a entender como os ativos se relacionam entre si.
    • Quando os ativos têm correlações negativas (ou seja, movem-se em direções opostas), a diversificação é eficaz para reduzir a volatilidade total do portfólio.
    • No entanto, se os ativos tiverem correlações positivas (movendo-se na mesma direção), a diversificação pode não ser tão eficaz.
  3. Fronteira Eficiente:
    • A fronteira eficiente é uma curva que representa todas as combinações possíveis de ativos em um portfólio.
    • Ela mostra o trade-off entre retorno esperado e risco (medido pela volatilidade).
    • A ideia é encontrar o ponto ideal na fronteira eficiente que maximize o retorno para um determinado nível de risco.
  4. Problema do Desfasamento:
    • O problema surge quando os ativos têm correlações imperfeitas (nem totalmente positivas nem totalmente negativas).
    • Nesse caso, a diversificação não elimina completamente o risco.
    • Alguns ativos podem ter alta volatilidade, mas também alta rentabilidade. Outros podem ter baixa volatilidade, mas baixa rentabilidade.
    • Encontrar a combinação ideal que equilibre esses fatores é um desafio.
  5. Modelos Mais Avançados:
    • Além da matriz de covariância, existem modelos mais avançados, como o Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (CAPM) e a Teoria de Black-Litterman, que consideram mais fatores.
    • Esses modelos levam em conta o beta, as taxas livres de risco e as expectativas de mercado.

A análise de covariância não é a única consideração para a construção de um portfólio. O desfasamento entre rentabilidade e volatilidade é um desafio inerente, e os investidores precisam usar abordagens mais sofisticadas para otimizar seus portfólios.

Lidando com o Desfasamento

Uma opção é fixar a análise de rentabilidade num único ativo e compor uma cesta com outros ativos que será analisado a volatilidade, assim é possível entender o impacto de covariância entre o ativo isolado e os demais da carteira.

Fixar a análise de rentabilidade em um único ativo e, em seguida, compor o portfólio com outros ativos para analisar a volatilidade é uma estratégia válida para abordar o desfasamento entre rentabilidade e volatilidade. Como explorar isso com mais detalhes:

  1. Análise de Rentabilidade Individual:
    • Começar analisando a rentabilidade de cada ativo individualmente é uma abordagem sólida.
    • Isso nos permite entender o potencial de ganhos de cada ativo isoladamente.
    • Podemos avaliar fatores como dividendos, crescimento de capital e outros retornos específicos.
  2. Composição do Portfólio:
    • Depois de analisar a rentabilidade individual, podemos compor o portfólio com vários ativos.
    • A diversificação é fundamental aqui. Combinar ativos com diferentes características de rentabilidade e volatilidade ajuda a mitigar riscos.
    • A correlação entre os ativos também desempenha um papel importante. Ativos com correlações negativas podem equilibrar os efeitos da volatilidade.
  3. Fronteira Eficiente Revisitada:
    • A fronteira eficiente ainda é relevante.
    • Agora, em vez de analisar apenas um ativo, consideramos várias combinações de ativos.
    • A ideia é encontrar a combinação que oferece o melhor trade-off entre retorno esperado e risco (volatilidade).
  4. Seleção de Ativos:
    • A seleção dos ativos individuais é crucial.
    • Alguns ativos podem ter alta rentabilidade, mas também alta volatilidade. Outros podem ser mais estáveis, mas com menor retorno.
    • Encontrar o equilíbrio certo é um desafio. Aqui, entra a arte da gestão de portfólio.
  5. Monitoramento Contínuo:
    • O mercado é dinâmico. As condições mudam ao longo do tempo.
    • É importante monitorar o desempenho dos ativos e ajustar o portfólio conforme necessário.
    • Rebalancear regularmente ajuda a manter a alocação ideal.
  6. Modelos Avançados:
    • Além da matriz de covariância, modelos mais avançados, como o CAPM e a Teoria de Black-Litterman, também consideram a rentabilidade e a volatilidade.
    • Esses modelos incorporam fatores adicionais, como o beta e as expectativas de mercado.

Fixar a análise de rentabilidade em um único ativo e, em seguida, compor o portfólio com outros ativos é uma abordagem sólida. No entanto, a seleção cuidadosa dos ativos e a consideração das correlações são essenciais para otimizar o portfólio.

Modelos Avançados

Os modelos que incorporam o beta, as taxas livres de risco e as expectativas de mercado. Esses modelos são essenciais na análise financeira e na avaliação de ativos. Aqui estão os principais:

  1. Modelo de Precificação de Ativos de Capital (CAPM):
  • O CAPM é um modelo amplamente utilizado para determinar a taxa de retorno esperada de um ativo com base em seu perfil de risco percebido.
  • A fórmula do CAPM é: [ \text{Custo de Equidade (Ke)} = \text{Taxa Livre de Risco (rf)} + \beta \cdot (\text{Retorno de Mercado (Rm)} – \text{Taxa Livre de Risco (rf)}) ]
  • Componentes do CAPM:
  • Taxa Livre de Risco (rf): Representa o retorno de investimentos sem risco, frequentemente associado aos títulos do governo.
  • Beta (β): Mede a volatilidade (risco sistemático) de um ativo em relação ao mercado como um todo (geralmente o S&P 500).
  • Prêmio de Risco de Mercado: A diferença entre o retorno esperado do mercado e a taxa livre de risco.
  • O CAPM ajuda a precificar ativos arriscados e a estimar os retornos esperados.
  1. Modelo de Black-Litterman:
  • O Modelo de Black-Litterman é usado para melhorar as estimativas de retorno esperado e otimizar portfólios.
  • Combina as expectativas de mercado com as visões subjetivas do investidor.
  • Leva em consideração o beta, as taxas livres de risco e as expectativas de mercado para ajustar as alocações de ativos.
  1. Modelo de Fama-French:
  • O Modelo de Fama-French é uma extensão do CAPM.
  • Além do beta, considera outros fatores como tamanho da empresa (capitalização de mercado) e relação preço/lucro (P/L).
  • Ajuda a explicar retornos de ações com base em fatores específicos.
  1. Modelo de Arbitrage Pricing Theory (APT):
  • O APT é outro modelo de precificação de ativos.
  • Considera múltiplos fatores (não apenas o beta) para explicar os retornos.
  • Não assume uma relação linear entre risco e retorno como o CAPM.

Em suma, esses modelos incorporam o beta, as taxas livres de risco e as expectativas de mercado para avaliar ativos e otimizar portfólios. Cada modelo tem suas vantagens e limitações, e os investidores escolhem o mais adequado com base em suas necessidades e contexto específico.

Estimar volatilidade de um portfólio considerando as complexidades inerente dos relacionamentos das partes e momentos de conjuntura econômica de mercado e indicadores de produtividade do segmento é uma mix entre ciência, experiência em análises, senso de oportunidade e uma pitada de apetite aos riscos.

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